04/01/2013

Pesadelo de hoje

     
       A sala estava cheia. Todos andavam pra lá e pra cá cansados e entediados. Onde estariam os corpos? Por que a demora?  Eram as perguntas mais frequentes. Minha cabeça lateja de dor com tanto falatório só queria que esse corpos chegassem logo para que eu pudesse ir embora e encontrar minha família que me esperava lá fora. 
    Após mais 20 minutos de espera finalmente eles chegaram. Abriram a porta e dois caixões foram colocados verticalmente no canto da sala. Quando foram abertos não consegui olhar. Ouvi dizer que quando esse corpos mortos recebiam aquele tipo de química alguns não o recebiam muito bem e acabavam ficando descontrolados, ao invés de apenas falarem e fazerem demonstrações como era planejado, esse corpos que não reagiam bem saiam por ai perambulando como zumbis, e matando todos que viam pela frente.
      Abriram o primeiro caixão e o homem começou a falar. Pelo menos esse era normal. "Normal", uma palavra que não pode ser muito considerada em um mundo onde mortos voltam a vida e dão palestras, e onde há zumbis matando sem dó nem piedade. Quando ele terminou, seu caixão foi fechado e o falatório dos outros começou. Minha cabeça parecia que ia explodir com tantas vozes.
       Prepararam o segundo. Ao abrir veio a surpresa. Esse não reagiu bem. MERDA! Ele se movimentava sem rumo, seus braços balançavam desajeitados e procurando por algo ou alguém. Todos correram porta a fora, deixando apenas os policiais e médicos tentando sedá-lo.
      A saída era um alívio tão grande, procurando minha família acabei encontrando por acaso uma antiga amiga. Conversamos um bom tempo e Meu Deus! Como ela estava linda! até que meu pai chegasse, nos despedimos e o acompanhei até a saída onde minha mãe e meus irmãos nos aguardavam. Estava um silêncio até meu pai quebrá-lo dizendo:
       — O que deu em você para querer ver gente morta dando palestra?
       Mal sabia ele que eu me fazia essa pergunta a um bom tempo. 
       — Ah pai, eles eram famosos muitas pessoas foram ver.
    Pensei em contar sobre o segundo corpo, mas decidi ficar em silêncio era melhor assim, uma preocupação a menos para ele.
        Descemos aquela larga rua de pedras a procura do carro. Até que um corpo moribundo vem subindo a rua, meio descontrolado e sem saber o que fazer com o corpo balançando de um lado para o outro a procura de algo, ou alguém. Era um zumbi, que DROGA! Era o segundo só hoje.
       — Apenas prenda a respiração e desvie sem olhar em seus olhos. — Foram as orientações de meu pai, as quais seguimos á risca. 
       Ao passar por ele entramos em um beco minusculo, eu e minha mãe na frente. Andamos, andamos e toda hora vinha uma curva diferente mas nunca a saída. Meu coração estava acelerado demais. E se "algo" aparecesse em nosso caminho e acabasse comigo e com minha família? Não conseguiria me perdoar nunca por te-los trazido a este lugar para uma porcaria de palestra dada por gente morta quimicamente tratada.
       E o que mais temia aconteceu. Um corpo estranho e acabado estava na nossa frente. Corremos no sentido contrário até minha mãe encontra a porta de uma casa velha aberta. Somente eu e ela entramos meu pai e meus irmãos ficaram do lado de fora. Só se ouviam os gritos dos meus irmãos do outro lado da porta, as lagrimas escorriam pelos meus olhos enquanto segurava a porta para proteger a mim e minha mãe.
       Mas por força do hábito fui limpar as lagrimas e acabei soltando a porta, deixando uma brecha até que um homem bonito me visse, seus olhos eram totalmente brancos fiquei totalmente paralisada por um momento.
       — Mas olha só que moça bonita, que cabelos longos e rosto branco...
       Empurrei a porta, fazendo com que a mão dele ficasse presa, ele retirou a mão e foi até uma janela com o vidro quebrado. Ele colocou a perna como se fosse entrar e olhou lá dentro diretamente para minha mãe:
       — Uau é meu aniversário? Duas moças lindas todinhas para mim! Minha mãe começou a empurra-lo para fora, mas não era suficiente. Ele a pegou. Não queria ver mais alguém que amo morrer então saí, corri o máximo que pude por aquele beco até que cheguei em uma feira de rua. Comecei a gritar. Corria e gritava sem parar. Um amigo me encontrou e tentou me ajudar me escondendo atrás de uma das barracas. Eu podia ver apenas os pés daquela pessoa que parecia normal, mas tinham olhos brancos como a neve. Eram chamados de hipnotizadores. Eles olhavam fixamente para a presa até deixarem-na indefesa. Eram outros mortos que não aderiram bem a química só que de um jeito melhor do que os zumbis, eram eles quem os comandavam. Ele passou por mim sem nem notar, mas uns 5 metros a frente e ele parou de andar e voltou até a barraca onde estava escondida. Abaixou e me olhou fixamente até que...
       — Acorde filha, já é tarde. 
       Um alívio tão grande percorreu meu corpo ao saber que era tudo um grande pesadelo. Minha mãe estava ali comigo e não era comida de zumbi. Ouvia a bagunça que meus irmãos pentelhos faziam na casa e pela primeira vez amei ouvi-los e ver que eles estavam ali comigo, para sempre.
  

P.S. :Esse foi um pesadelo que tive hoje de manhã, achei-o interessante e decidi mostrá-lo aqui ;)